17 – O “GRANDE” CISMA DO OCIDENTE

17 – O “GRANDE” CISMA DO OCIDENTE

Século XIV – Ano 1309 – o Papa Clemente V que era Francês e amigo do Rei de França, decidiu instalar o Papado na cidade de Avinhão, talvez sem pensar nas consequências do seu acto, procedeu como se a Igreja não tivesse inimigos. Em 1337, como sabemos, a Inglaterra invadiu a França e começa a Guerra dos 100 anos. Apesar de ter recomeçado a matança de Cristãos de ambos os lados, o papado não reagiu. Que se saiba, nem uma simples nota de condenação se dignou enviar ao Rei invasor. Talvez pelo facto de o Papado estar instalado em França, o Papa não quisesse tomar partido. Seja como for a abstenção do Papa num assunto de guerra só se entende no campo da política, o que é de lamentar. É que na guerra, quem morre são os Cristãos.

A guerra continua e em 1377, o Papa Gregório XI, último Papa Francês, abandonou Avinhão e voltou a instalar o Papado em Roma. Aí faleceu um ano mais tarde. Foi então convocado o Conclave dos Cardeais para eleger o novo Papa. Convém aqui esclarecer que um Cardeal é um Bispo especial que pode ser eleito Papa quando o Conclave é convocado para o efeito. Decorre daqui que se um Bispo aceita a sua nomeação para Cardeal, também aceita implicitamente, a possibilidade de ser Papa.

Pois bem, o Conclave reuniu em 1378 com todos os Cardeais e “misteriosamente” não conseguiu eleger um Papa. Isto é difícil de aceitar porque, à partida todos os Cardeais, por inerência, estão disponíveis para ser Papa. Bem, o que se passou depois não dignifica em nada a Igreja Católica. Para se perceber melhor devo informar que durante a realização deste infrutífero Conclave, um certo grupo de pessoas identificadas como “povo” de Roma pelos historiadores, manifestou-se provocando uma onda de tumultos e exigindo do Conclave um Papa Romano ou Italiano. Como o Conclave não “conseguiu” eleger nenhum Papa, os Cardeias resolveram escolher fora do Conclave e o Arcebispo de Bari obteve a maioria necessária para ser eleito. Não era um Papa romano, mas era Italiano. Sucedeu depois uma coisa que só costuma acontecer nas democracias, antes de ser anunciada a eleição do Papa ao público, um grupo de “activistas” invadiu o Conclave para exigir um Papa Romano. É inconcebível. Como é que eles souberam que o Papa eleito não era Romano? À partida, só os Cardeais sabiam disso.

O anúncio ao público foi feito e o Papa passou a chamar-se Urbano VI. Parecia que tudo tinha acabado da melhor forma, mas não foi assim. Urbano VI foi coroado em Abril de 1378, mas em Agosto, os mesmos Cardeais que o elegeram assinaram um documento declarando a eleição nula por “falta de liberdade”. Costumo chamar a isto, falta de carácter só para não chamar “canalhice”. Sejamos honestos: Aquilo que aconteceu foi/é uma Traição dos Cardeias. Traição gravíssima, intolerável. Os Cardeais fizeram nova eleição e curiosamente desta vez escolheram um deles: o “Cardeal” de Genebra que, como Papa adoptou o nome de Clemente VII. Estava criado o “antipapa”. O Cisma ia começar. Urbano VI em Roma; Clemente VII em Avinhão. Foi nisto que deu a “aventura” de Clemente V em Avinhão. O Cisma de dois Papas acabaria, em 1409, por ficar com três, no Concílio de Pisa. A Europa ficou assim entregue ao mundo da política de alianças entre Reinos. A situação tornou-se insustentável e o Sacro Imperador Romano-Germânico, Sigismundo pediu ao “antipapa” João XXIII que convocasse o Concílio para restabelecer a unidade da Igreja, o que foi conseguido. Os três “Papas” foram depostos, em 1417 foi eleito o Papa Martinho V e reconhecido por toda a Igreja como Papa legítimo.

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