15 – A IGREJA CATÓLICA

15 – A IGREJA CATÓLICA

O termo “Igreja Católica” significa o “Grei Universal” que para nós quer dizer “O Povo de Cristo”. O nome/expressão “Igreja Católica” nada nos diz sobre o espírito que está na sua base, mas todos nós sabemos que foi um espírito benigno, o Espírito Santo Universal consubstanciado em Cristo.

Como se compreende, os primeiros tempos da Igreja foram muito conturbados, isto por duas ordens de razões:

1º – Razões Internas – Atinentes ao funcionamento e sua organização interna.

2º – Razões Externas – Que se prendem com o meio envolvente, estou a falar principalmente do Império Romano e todas as suas instituições.

A organização interna pôde avançar enquanto o Imperador deixou. Logo começaram as perseguições por razões de funcionamento do Império, mormente as do foro económico. Parece que os escravos começaram a aspirar poder usar a sua liberdade natural. Sentindo-se mais protegidos pela Igreja, muito deles fugiram dos seus “donos”. Com as perseguições vieram os massacres e martírios de Cristãos. As vítimas eram sempre do mesmo género: escravos, outras gentes afectas à nova Religião e Cristãos da militância.

Assim, desde o ano 33 (morte de Cristo) até 313 (Imperador Constantino/Édito de Milão), a Igreja, por força da opressão Romana, andou aos solavancos. Era grande o sofrimento provocado pelas perseguições, crimes e enxovalhos. A organização interna ressentia-se disso tudo. Depois das vicissitudes próprias do processo histórico e com o auxílio dos Céus, o Imperador Constantino decidiu-se em favor dos Cristãos. No ano anterior (312), antes da batalha pelo poder contra Magêncio, o “Céu” mostrou a Constantino uma mensagem escrita em latim, língua do imperador:

IN HOC SIGNO VINCES

Que significa: Com este sinal vencerás. O sinal acompanhava a inscrição referida e ainda hoje é usado em certos estandartes da Igreja. É formado pelas duas letras iniciais da palavra Cristo escrita em grego: XP.

Sendo assim, chegado o ano 313, Constantino estava em condições de promulgar uma ordem judicial ou decreto que iria favorecer os Cristãos e a sua Igreja. Tratava-se do Édito de Milão, como ficou conhecido. Foi assim instituída a liberdade de culto dentro da Igreja; foi o primeiro passo para o avanço da mesma, Império adentro. O Culto permitia a pregação da doutrina, pelo menos nos templos e assim a palavra pôde circular fora dos templos, nas conversas e encontros. O número de fiéis, em todos os recantos da nova Religião, terá crescido fortemente, a ponto de se tornar Religião oficial do Estado Romano nos finais do século IV, quando era Imperador Teodósio I (379-395). Por esta altura o Império Romano já estava dividido em duas partes; é que no ano 284 tinha sido decidido dividir o Império em quatro partes (tetrarquia), alegadamente sob o pretexto da sua grande extensão territorial. Cerca de 26 anos mais tarde, foi decidido reduzir as quatro partes para duas. Não terá havido o cuidado de manter a unicidade do Império, porque cada Imperador decidia por vontade própria. Sendo assim Licínio, Imperador do Oriente, promulgou em 311 o Édito de Tolerância para com os Cristãos, mas pouco mais tarde deixou que os seus soldados os massacrassem. Constantino, Imperador do Ocidente não gostou. Este facto levou Constantino a castigar essa atitude. Enfrentou-o em campo de batalha e condenou-o à morte (324). Licínio tinha assinado com Constantino o “Édito de Milão”, facto que torna a sua atitude inadmissível.

Passado este episódio, a Igreja pôde avançar com segurança, à sombra da força e poder Romanos, até ao ano 476 em que se dá a sua queda. Se assim não fosse, a grandeza do Império acabaria por tornar-se a grandeza da Igreja Católica. Com a queda da força Romana, a Igreja sentiu-se órfã. O poder de Roma foi substituído pelo feudalismo a partir do século V.

O Feudalismo

Aqui chegada, a Igreja do Ocidente vê-se confrontada com o aparecimento dum fenómeno estranho na Europa: o feudo e o feudalismo. Como já disse, desde que o Império Romano, nos finais do Século IV, assumiu a Igreja Católica como Religião oficial do Império, este passou na prática, a ser um Reino. Durante um século assim se manteve, até ao ano 476, quando o Império (Reino) decidiu acabar devido à pressão dos povos germânicos que tinham abandonado o seu Reino por pressão dos Hunos. Por esta altura (Séc. V) os povos Germânicos ocuparam o Império Ocidental e a Igreja, sempre dependente do Poder Real, ficou agora sob protecção dos Reinos Germânicos. Nestes reinos, livres de controlo Romano, apareceram no seu seio pequenos “reinos” privados, denominados “feudos”, tudo com o consentimento do Rei. Tratava-se de grandes propriedades rurais incluindo os camponeses que lá viviam, os quais não passariam de escravos que ao Domingo iam ao Culto. Surgiu assim a prepotência e a humilhação, para não falar do “direito da pernada”, fenómeno que apareceu nalgumas regiões da Europa, principalmente na Europa Ocidental.

Dado que os povos Germânicos eram Cristãos, temos de nos perguntar quem eram estes Senhores Feudais para terem um comportamento mafioso para com os camponeses.

A Igreja Católica, pelas necessidades de protecção que sempre teve, deixou de apoiar os camponeses e passou a ser protegida nas suas cúpulas. Apareceram os grandes Mosteiros e grandes propriedades rurais administradas pela Igreja. O Bispo terá sido um senhor feudal; mais um. Esta situação teve consequências graves para os camponeses. Como as cúpulas da Igreja apoiaram o senhor feudal, os camponeses, sentindo-se preteridos, começaram a prestar Culto a Maria e aos Santos. Pela via da corrupção nas cúpulas, por um lado e corrupção de espírito dos casais nas bases, o feudalismo foi bem-sucedido. Esta situação manteve-se por largos séculos. A Europa só se livrou do feudalismo no século XV. Estes mil anos que durou, devo reconhecer, foram relativamente pacíficos até ao século XIV. No entanto, por parte da Igreja, não se conhece nenhum acto condenatório de “direito de pernada” e houve Bispos, Senhores Feudais que se aproveitaram dele, o que é inadmissível. Traição é o mínimo.

A última fase do Império Romano Ocidental desde 313 a 476, não foi devidamente aproveitada pela Igreja para crescer na sua organização interna. Nessa fase a Igreja Oficial, estava em condições de pensar na sua própria defesa, julgo eu.

No século VII, ano 692, o Imperador do Oriente, Justiniano II resolveu convocar um concílio de Bispos à revelia de Roma. O objectivo deste concílio era, a meu ver muito pertinente: Estabelecer normas disciplinares dentro da Igreja, incluindo normas de comportamento. Era sabido que no sistema feudal havia abusos intoleráveis de clérigos e Senhores para com os Cristãos. A Igreja de Roma não compareceu no Concílio, uma vez que não foi convocada pelo Papa. O que ficou decidido e escrito no final, penso que não teve consequências na vida dos Cristãos do Oriente, ou do Ocidente, por uma razão muito simples: A Igreja na prática já estava dividida em duas. Com efeito desde que o Império se dividiu em 395 (Morte de Teodósio) começou a haver naturais dificuldades de comunicação entre as igrejas distantes entre si e entre cada uma e a capital do Império onde se situava o Papado. Contudo a separação efectiva das Igrejas só se verificaria com o Grande Cisma do Oriente em 1054, depois de se ter posto a questão de saber se o Papa era uma figura de real autoridade ou apenas de respeito. Foi quando apareceu a Igreja Ortodoxa.

A Invasão Árabe – Séc. VIII

A Igreja Católica, no século VII, tinha crescido muito em número de fiéis. Pode-se dizer que a par da Europa, o norte de África e quase todo o Médio Oriente já eram Cristãos. Só pela força, o crescimento da Igreja poderia parar e foi precisamente o que aconteceu no século VIII, ano 711. Com a Invasão “Árabe”.

Ao que se pensa e se escreveu, a intervenção do “Islão” na Península Ibérica deveu-se a uma solicitação feita pelos Judeus que se sentiam “oprimidos” pelo Rei Visigodo. A ser verdadeira esta afirmação, teremos de repensar o “Islão” brotou do Judaísmo desde a Criação à Fundação. Não é portante de estranhar que os Judeus da Península fossem integrados no exército invasor. Nessa altura os “Árabes” estavam já na Mauritânia e entraram em força. Na batalha que se seguiu (Guadalete?/Espanha) o exército do Rei Rodrigo foi desbaratado. A partir daí, os Árabes dividiram a terra em feudos e a Igreja da Hispânia foi substituída pelo “Islão”. Esta nova “religião” tinha sido criada na Arábia pouco tempo antes (622) e mais uma vez a Igreja Católica teve de recuar perante a força; recuou na Hispânia, recuou em todo o Norte de África e foi impedida de se disseminar nos Continentes de África e Ásia.

Na Península, a “festa” das trevas terá durado pouco tempo porque os Cristãos, ou parte deles refugiaram-se nas Astúrias com o seu Rei, Pelágio. A partir daqui começou uma luta que durou séculos, com altos e baixos para ambas as partes. Entretanto, por volta de 730, o “Islão”, a partir da Península passou os Pirinéus e invadiu o Reino Franco. Conquistou algumas zonas de influência e avançou para as cidades de Tours e Poitiers. Em 732 o exército Franco e seu Rei, Carlos Martel, esperou-os e travou-se batalha. O “Islão” foi derrotado e acabaram aqui as tentativas de aniquilamento do espírito Cristão. A luta na Hispânia iria intensificar-se contra o “Islão” e vice-versa.

Gerou-se uma situação de guerra alternada com períodos de paz; correu muito sangue durante séculos. De Norte para Sul, a partir do Reino das Astúrias, lentamente, o território do “Islão”, conhecido por “Al Andalus”, foi ficando mais pequeno em tamanho e influência. Assim se formaram os Reinos Cristãos da Península, como consequência da Reconquista da terra ao “Islão”: Aragão (~809); Navarra (~810); Leon (~910); Galiza (~910), Castela (~1035), Portugal (~1139), para além do Reino das Astúrias que já existia desde ~718. Temos também de considerar os Condados Catalães (~785).

Em 1212, uma coligação de Reinos Cristãos – Castela, Navarra e Aragão – fez guerra aos Mouros Almóades. Travou-se uma batalha em Navas de Talosa. A derrota do “Islão” acabaria por traçar o destino final da sua presença na Península Ibérica: regressar. O “seu” território foi ocupado pelos Cristãos. Somente o Emirato de Granada não foi logo anexado, mas ficou vassado (tributário) de Castela. Em 1482 os Reis Católicos decidem fazer guerra ao Emirato e em 02/01/1492 o Emir rende-se.

Assim acabou o “Al Andalus” e a perigosa presença dos Árabes, Judeus e Mouros na Península Ibérica. Muitos deles acabaram por ficar. Quanto ao “Islão”, essa ideia estranha que usa a violência para se impôr, recuou de vez para donde tinha partido. Ainda há povos submetidos ao “Islão”, principalmente na África e Ásia. O objectivo do “Islão” foi deter o avanço da Igreja Cristã. Esta ofensiva contra a difusão do Cristianismo tem a marca Judaica desde a sua génese, desde a própria criação da “religião islâmica” em 622. Todos os ataques contra a Igreja e os Cristãos devem ser analisados apenas no contexto do binómio Cristianismo/Judaísmo. É racional e natural que assim seja. O “Islão” foi apenas uma “máscara” para o Judaísmo.

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