19 – A “REFORMA” PROTESTANTE

19 – A “REFORMA” PROTESTANTE

Os historiadores criaram esta expressão para designar uma conspiração contra a Igreja Católica ocorrida no século XVI. Nesse tempo a Igreja debatia-se com as consequências da secularização que se refletiam na falta de disciplina dos clérigos os quais não possuíam a formação desejada. Alguns religiosos, com base em falsas doutrinas, dedicavam-se à venda de indulgências, ou a troco de esmolas.

A venda de indulgências era já uma prática corrente em 1215 quando se verificou o IV Concílio de Latrão onde se detectou haver falsos vendedores de indulgências que conseguiram fazer largas somas em dinheiro. Os abusos e os crimes na venda de indulgências deviam ter sido reprimidos e punidos logo ali. Parece que não foi assim, porque a venda criminosa continuou.

No século XVI – ano 1517, o panorama da Igreja não seria muito diferente deste. O Papa Leão X não tinha dinheiro para obras na Basílica de S. Pedro e ordenou a recolha de esmolas a troco da concessão de indulgências. No fundo era como se de uma venda se tratasse.

Havia também, certas concepções dogmáticas que talvez fossem exageradas, mas nada de grave. Havia sacramentos que talvez fossem discutíveis, mas nada de grave e havia a Autoridade Papal que embora enfraquecida pelo “Concílio de Trullo” (692), pela guerra dos 100 anos e pelos grandes Cismas do Oriente e Ocidente, possuía enorme prestígio junto dos Cristãos e dos Reis, facto que conferia ao Papa muito poder na espera da Igreja, a par do Sacro-Império Romano-Germânico.

Dos pontos referidos o mais fraco era o da venda das Indulgências; como é lógico, os pobres Cristãos não gostavam de pagar o perdão. Em face disto, Martinho Lutero pôde contar com a tolerância dos Cristãos quando iniciou a sua acção “protestante”.

Lutero era um sacerdote da Igreja, pertencente à Ordem dos Ermitas de Santo Agostinho; tinha prestígio no meio eclesiástico, principalmente na Alemanha, o seu país. Para iniciar o seu Protesto resolveu escrever 95 teses de crítica à Igreja a afixou-as na porta da Igreja do Castelo de Wittenberg. Depois de alguns confrontos com as autoridades eclesiásticas, Lutero acabaria por se decidir pela ruptura com a Igreja e fundar a Igreja Protestante. Pela sua génese vê-se logo que esta igreja ficou à margem da Autoridade Papal. Mercê do individualismo vivia-se na Europa, uma certa efervescência das economias e as injustiças começaram a aparecer, tanto nos preços praticados pelos comerciantes como na cobrança de juros elevados por parte dos bancos. A Igreja intervinha obrigando a reduzir as margens de lucro. Assim sendo, muitos Banqueiros e comerciantes aderiram à Igreja Protestante, por sua vez alguns Reis, talvez motivados por interesses económicos, também aderiram ao Protestantismo, arrastando atrás de si toda a população do Reino. Está agora à vista qual era o objectivo de Lutero: A divisão da Europa em reinos Católicos e reinos Protestantes. A partir daqui o espectro da guerra instalou-se. A revolução iniciada por Lutero (recusa chamar-lhe reforma) teve o apoio de vários reinos da Alemanha. Esses Cristãos da Alemanha, de um momento para o outro, ficaram sem a protecção da Igreja Católica. Os seguidores mais próximos de Lutero começaram com discursos de demagogia “revolucionária”, incitando-os à guerra contra os seu “Senhores” para conquistar a “liberdade” e “influência”, etc…etc…

Só tenho a dizer que morreram cerca de 100.000 camponeses num total de 300.000. é evidente que essa guerra foi imediatamente rotulada como sendo uma revolta popular contra a Igreja e contra os “Senhores”. O que aconteceu realmente foi mais um crime contra os Cristãos mesmo que supostamente o “seu” Rei seja protestante. Esta guerra passou-se em 1524 e 1525.

A mais grave consequência desta revolução protestante iria acontecer um século depois com a Guerra dos 30 anos.

Devo dizer que a Igreja reagiu à “Reforma” Protestante com a sabedoria que se impunha. Em 1545 realizou-se o Concílio de Trento que terá feito alguns acertos de precisão doutrinais e como é evidente manteve a Autoridade Papal. Penso que o Concílio terá discutido a venda e concessão de indulgências tendo-se decidido pelo cancelamento da sua venda e da cobrança de taxas em 1567 com o Papa S. Pio V., no entanto, acho que o Concílio não se terá debruçado sobre a possibilidade de outra guerra e assim tomar as medidas ao alcance da Igreja de modo planeado e antecipado.

Penso que Lutero não actuou sozinho nem de moto-próprio, dadas as extensas repercussões da sua atitude “reformista”.

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